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O mundo do trabalho e os seus sindicatos em força na parada

no "Dia do Trabalhador"

Textos e Fotos de: Carlos Morgadinho
Adiaspora.com

Cena mostrando o massacre nas manifestações e greve conhecida por “Revolta de Haymarket” (retirado da Internet).

Para compreendermos a festa e o feriado do Primeiro de Maio, vulgo Dia do Trabalhador, ou “Labour Day”, temos que voltar ao passado, mais precisamente ao ano de 1886 e à cidade de industrial de Chicago. Neste dia do mês realizaram-se várias greves e manifestações que juntou mais de 700 mil trabalhadores que exigiam jornadas 8 horas de trabalho em vez das 11, 16 e até 18 horas e melhores salários.

Sabe-se que na primeira greve, no dia 1 de Maio, a polícia usou de extrema violência sem que houvesse provocação ou motivo real, para dispersar aquela greve legal dos sindicatos matando desta forma vários manifestantes e atirando centenas deles para os bancos de urgência dos hospitais para tratamento de ferimentos. Dias depois, no dia 4, outra grande manifestação, quase um milhão, foi realizada como protesto contra a violência usada pelas autoridades contra os trabalhadores dias atrás. Mais uma vez a violência sobre os manifestantes reinou após desconhecidos terem atirado uma bomba contra as forças policiais mantando de imediato 8 agentes. Não se apurou se este acto de violência, e criminoso também, foi obra de agentes provocadores, anarquistas ou até conspiradores da burguesia pois estes últimos, apoiados por uma campanha mediática, atiçar constantemente as autoridades contra os sindicatos de trabalhadores e seus líderes, rotulando-os de “gatos gordos” e outros adjectivos depreciativos. Aqui, perante este cenário de sangue e morte, a força policial, possivelmente sob o acto de actuar em “legítima defesa” (self defense) abriu fogo com as suas armas contra os manifestantes matando dezenas e hospitalizando centenas.

Número de mortos? Não se sabe ao certo (só Deus sabe…) pois os números não oficiais nunca foram revelados, que e óbvio, pela força letal das autoridades que, com as suas armas, metralhou a multidão grevista desarmada e indefesa onde muitas mulheres e crianças se integravam.

Esta greve e incidentes foram cognominadas de “Revolta de Haymarket” e é uma “nódoa permanente” na violação da Democracia e dos Direitos Humanos da “História” do Estados Unidos da América do Norte uma crítica à sua maneira, “suis generis”, de como resolve, ou resolvia, as greves laborais – muitas da vezes à pancadaria.

Sabe alguém se o chefe da polícia e os seus subalternos no terreno, o governador do Estado de Illinois, do Congresso ou o presidente da autarquia de Chicago, ou da Justiça, foram chamados à responsabilidade, ou incriminados? Não sabemos e pensamos que nunca o iremos saber mesmo após tantas investigações e anos passados.

O certo é que de imediato os dirigentes e líderes sindicais, foram presos, sem uma investigação imparcial. Foram julgados, quase em cima do joelho. Cinco deles foram condenados à pena capital, a morrer por enforcamento. Só um destes é que não foi para o cadafalso, Ludwig Lingg, carpinteiro e dirigente do sindicato, de apenas 23 anos, por no dia anterior à sua execução (10 de Novembro de 1887) se ter suicidado na sua cela. Os outros sindicalistas absorveram penas de vários anos de cárcere e até perpétua como foi Samuel Fielden.

Muitos países reagiram contra aquela carnificina de cidadãos indefesos perpetrada pela polícia e da maneira pouco profissional, e até negligente de investigação sobre os incriminados, sendo a França e outros mais países europeus incluindo a Rússia que de protesto e apoio à classe trabalhadora sendo legislado feriado nacional e implementando as almejadas 8 horas de trabalho diário e fizeram pressão na Administração Federal dos EUA, cujo presidente que posteriormente anulou as sentenças e pediu uma investigação dobre as causas e dos sentenciados. Finalmente, em 1893, a Justiça formalizou a inocência dos culpados que saíram em liberdade. Mas os que tinham sido executados, seis anos antes, não foi, infelizmente, possível ressuscita-los….

Olivia Chow e Joe Mihevc

Nos EUA não se comemora, obviamente, o 1º de Maio e o mesmo acontece no Canadá. Mas há mais um molhinho deles com a Austrália e a Inglaterra a encabeçar.

Desta forma o Dia do Trabalhador é, por ato um de contrição, celebrado neste nosso país de acolhimento, o Canadá, na primeira segunda-feira do mês de Setembro. Este ano assistimos à grande parada com milhares de trabalhadores, o maior número de sempre, a desfilarem pelas ruas de Toronto, desde a City Hall com o seu términus no espaço da CNE (Canadian National Exhibition) liderados e agrupados pelos seus sindicatos.

Assistimos também ao novo sindicato recentemente formado, o mais numeroso nesta parada, e que pensamos estar já oficializado o seu pacto social, mas que se não o e ainda então será uma aglutinação dos sindicatos The Canadian Auto Workers Union e das Communications, Energy and Paperworkers Union of Canada.

Outros dois grandes sindicatos, da construção e não só, a LIUNA (da Local 506 e 183) também marcharam no passado desfile do Labour Day, encabeçados pelos seus dirigentes que destacamos o Jack Oliveira, Luís Câmara, Bernardino Ferreira e Nelson Melo, todos da Local 183 e do Tony Principato, Tony doVale e Jack Eustáquio da Local 183 bem como o gerente da LIUNA/OPDC, Cosmo Mannella. Duas bandas filarmónicas portuguesas abriam caminho integrados nestes dois destacados sindicatos, a Banda Lira Nossa Senhora de Fátima e do Sagrado Coração de Jesus, esta última sendo a primeira vez que participa neste desfile, e que acompanhou o sindicato LIUNA/Local 183.

Queremos focar, perto da CNE, do grupo de políticos do Partido NDP, dos foros autárquicos, provincial e federal dos muitos aqui deixamos os seus nomes; os vereadores Joe Mihevc e Gord Perks e os deputados Olivia Chow, Chery DiNovo, Andrew Cash, Jonah Schein, Andrea Horvath e Rosario Marchese que se encontravam na Dufferin St. junto à King St. West.

Aqui, muitos sindicatos pararam a sua marcha e aplaudiam aqueles políticos que, por um altifalante portátil, soltavam palavras de ordem contra a política daqueles que, nos seus gabinetes ministeriais, ditam leis  que os sindicatos e seus trabalhadores não simpatizam.

Foi aqui que os elementos da Liuna/Local 183, pararam e observaram um minuto de silêncio em memória dum operário luso-canadiano, Kevin Raposo, de 29 anos, que encontrou a morte num acidente enquanto trabalhava num edifício em construção na baixa de Toronto.

Monumento aos Mártires de Chicago: "Um dia nosso silêncio será mais forte que as vozes que hoje vocês estrangulam" (retirado da net)

Mais do que nunca, o horizonte laboral encontra-se toldado de nuvens carregadas um presságio de grandes “convulsões” pelas políticas que tem vindo a ser implementadas pelas ideias de neoliberalismo e globalização onde os direitos ao trabalho e dos trabalhadores vêm sendo reduzidos e eliminados. O futuro nos reserva a descodificação destas ideias implementadas já na sua grande parte. Sem pretensões a vidente cremos que os trabalhadores e os seus sindicatos irão atravessar um “mar” encrespado e repleto de tempestades.

Somos, e sempre fomos, pelo apoio que os sindicatos dão aos trabalhadores. São eles que lutam pelos direitos de quem trabalha e não o patronato. Somos até mais radicais ao afirmar que devia ser obrigatório todo o trabalhador a ter, e a escolher, a sua entidade sindical. Talvez houvesse mais assistência e segurança no local de trabalho como também um freio às prepotências, abusos e ilegalidades de certos patrões que amiudadamente por aí se houve nos nossos convívios semanais inclusive nas noticias, por vezes, de caixa alta nos órgãos de informação.

 

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